Ao lado do corpo de meu Pai
chorava esta pobre carne.
E de repente chegou a tua
e minha felicidade:
A teu lado estou
sorrindo a chamar-te,
espero que regresses a casa,
ansiosamente corro para a porta.
E ao colo sinto o teu calor,
contigo passeio pela mão,
pergunto, pergunto e tu respondes
ocultando o fim da vida.
Ver-te dormir, alegria
igual à tua
quando de noite
tranquilo eu respirava.
Tenho três anos e tu, Pai, és jovem,
grande, senhor do mundo,
deus docemente temido
desde o início.
Assim te amo agora sem lágrimas.
Que deste modo teus netos
um dia recordem de mim,
na tua, minha e deles
pura ignorância da morte.
António Osório em Raiz Afectuosa
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